Governo Trump avalia sanções para frear avanço da DeepSeek na IA

Autoridades dos Estados Unidos estão considerando impor sanções direcionadas contra a DeepSeek, numa tentativa de bloquear o acesso da start-up chinesa a tecnologias críticas de origem americana, informaram fontes do governo.

De acordo com reportagem do New York Times, membros do gabinete Trump e do Conselho de Segurança Nacional debateram medidas que impediriam a DeepSeek de adquirir hardware e insumos tecnológicos dos EUA, incluindo os avançados chips da Nvidia necessários para treinar grandes modelos de IA.

Essa deliberação acontece em meio a crescentes preocupações de Washington com o rápido progresso da empresa chinesa e sua potencial vantagem estratégica.

No cerne das discussões está o temor de que a DeepSeek possa minar a liderança americana em IA caso continue a evoluir sem restrições. A avaliação é que os modelos da DeepSeek – por serem abertos e de baixo custo – poderiam difundir amplamente capacidades de IA de nível avançado, inclusive para atores considerados adversários dos EUA.

“Há um consenso bipartidário de que não podemos facilitar o crescimento de um novo campeão tecnológico chinês que escapa ao nosso controle”, disse um assessor do Congresso sob condição de anonimato.

Os possíveis mecanismos vão desde restrições de exportação de componentes (ampliando as regras já existentes que barram GPUs de última geração para a China) até colocar a DeepSeek na Entity List do Departamento de Comércio, o que proibiria empresas americanas de fornecerem qualquer tecnologia à start-up sem licença especial.

Essas movimentações ocorrem poucos meses após Cingapura deter indivíduos ligados ao envio ilegal de chips Nvidia para a DeepSeek (em fevereiro) e em meio à pressão doméstica após a percepção de um “momento Sputnik” na IA com o surgimento do modelo R1.

Em abril, a administração Trump já havia ampliado controles, proibindo a venda do chip Nvidia H20 – uma versão de alta performance que até então podia ser exportada à China – fechando brechas que a DeepSeek e outras empresas chinesas poderiam usar para obter hardware de ponta.

A inclusão de nomes da DeepSeek ou de sua controladora (Hangzhou DeepSeek AI Research) em listas de sanções tornaria ainda mais difícil adquirir, mesmo por vias indiretas, componentes críticos como GPUs, armazenamento avançado e softwares de design de chips de empresas como Cadence e Synopsys.

Por enquanto, nenhuma decisão final foi anunciada. Porta-vozes da Casa Branca e do Departamento de Comércio se recusaram a comentar “deliberações internas sobre entidades específicas”.

Já a China reagiu com tom de advertência: o Ministério das Relações Exteriores afirmou em comunicado que “politizar e suprimir empresas de tecnologia com pretextos de segurança apenas prejudicará a inovação global”, numa clara alusão ao caso da DeepSeek.

A empresa, por sua vez, divulgou nota dizendo que segue todas as leis e regulamentos internacionais aplicáveis e que espera “poder continuar colaborando com parceiros e comunidades de código aberto dos EUA”.

Observadores apontam que este episódio reflete o novo front da competição tecnológica sino-americana, em que até mesmo start-ups passam a ser tratadas como peças de um complexo jogo geopolítico de alta tecnologia.

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